O julgamento dos generais angolanos Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, conhecido como "Kopelipa", e Leopoldino Fragoso do Nascimento, apelidado de "Dino", reiniciou-se no Tribunal Supremo de Angola após adiamentos anteriores.
Ambos são acusados de crimes como peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, branqueamento de capitais e tráfico de influências.
O processo também envolve outras figuras, incluindo o advogado Fernando Gomes dos Santos e o cidadão chinês You Haiming, ligado à China International Fund (CIF), além das empresas CIF Angola, Plansmart International Limited e Utter Right International Limited .
Inicialmente previsto para dezembro de 2024, o julgamento foi adiado para março de 2025 devido à complexidade do caso e à notificação tardia das partes envolvidas.
Durante uma das sessões, o julgamento foi suspenso pela ausência de um intérprete para o réu chinês You Haiming, sendo retomado posteriormente com a promessa da juíza Anabela Valente de que não haveria mais adiamentos, enfatizando a importância dos "interesses superiores da justiça" .
A acusação alega que os generais, aproveitando-se de suas posições de influência durante o governo do ex-presidente José Eduardo dos Santos, teriam se apropriado indevidamente de imóveis e recursos públicos, comercializando-os como se fossem de sua propriedade.
O esquema teria causado prejuízos significativos ao Estado angolano, envolvendo também a petrolífera estatal Sonangol e a CIF .
O processo conta com 38 declarantes e testemunhas, incluindo figuras proeminentes como Carlos Feijó e a ministra Ana Paula do Sacramento Neto .
A defesa dos réus argumenta que muitos dos crimes imputados deveriam ser abrangidos pela Lei da Amnistia de 2016, enquanto o Ministério Público busca responsabilizar os envolvidos e recuperar os ativos desviados.
Este julgamento é considerado um marco na luta contra a corrupção em Angola, refletindo o compromisso do Estado em promover a transparência e a responsabilização de altos dirigentes por má gestão e uso indevido de recursos públicos.
Redação: Kuia Bue